Tabagismo é principal causa de Câncer de Bexiga
Um diagnóstico de câncer de bexiga tornou-se público, recentemente, após ser a justificativa para José Carlos Bumlai, preso pela Operação Lava Jato, ganhar o direito de cumprir a pena em prisão domiciliar. A disfunção é pouco comentada, mas, depois da próstata, trata-se da segunda neoplasia urogenital que mais acomete homens. E, se considerados ambos os sexos, aparece como nono câncer mais comum, segundo a International Agency for Research on Cancer (IARC), na França. Ainda de acordo com a agência, a incidência vem aumentando e o tabagismo aparece como principal causa.
No Brasil, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), são registrados 9.670 casos anualmente, sendo 7.200 em homens e 2.470 em mulheres. “O hábito de fumar, muitas vezes só vinculado a males na garganta e nos pulmões, é um grande vilão, pois parte das toxinas ingeridas durante o fumo se acumulam no órgão”, pontua o urologista Fernando Marsicano. Dados do Instituto do Câncer de São Paulo (Icesp) mostram que, aproximadamente 70% dos casos de câncer de bexiga têm relação com o tabagismo.
O médico aponta outros fatores de risco. “Quanto mais velho o indivíduo, maiores as chances de ter algum problema, especialmente, se já tiver apresentado quadros de doenças crônicas ou infecções parasitárias na bexiga”, afirma. Antecedentes familiares também ampliam as chances de se ter tumores, bem como algumas áreas de atuação profissional. “A exposição a produtos carcinógenos, comum a trabalhadores em indústrias de borracha, têxtil e de produtos de couro ou, ainda, alguns ativos usados por cabeleireiros podem ser prejudiciais”.
Considerando as principais causas, Marsicano destaca como prevenir. “Não fumar é, obviamente, a primeira dica para se evitar não só esse, como outros males ao organismo. Existem, também, pesquisas que comprovam que a ingestão de líquidos, frutas e legumes é eficaz na prevenção”. Outra recomendação do urologista é que profissionais que têm necessidade de lidar com substâncias químicas devem limitar essa exposição, usando adequadamente itens de segurança.
“Existem o que chamamos de ‘sinais de alerta’, como sangue na urina ou necessidade frequente e dor para urinar”, explica Marsicano. Ele ressalta, porém, que tais sintomas podem significar outras doenças, como pedras na bexiga ou infecções, por isso, se aparecerem, é preciso procurar um profissional habilitado para avaliar e fazer correto diagnóstico. “Além disso, usualmente, esses sinais já aparecem em estágios mais avançados”.
Após anamnese e exame físico, o médico poderá solicitar testes laboratoriais para confirmação. “Por meio de exame de urina podem ser descobertas células tumorais. Para um resultado mais apurado, é recomendada cistoscopia, que nada mais é do que um exame endoscópio, que permite biópsia feita pelo canal uretral”, relata.
O levantamento do Icesp revelou que metade dos pacientes com câncer de bexiga começa a se tratar após diagnóstico tardio, o que atrapalha a recuperação. Se identificado precocemente, o tratamento se resume à cirurgia para retirada do tumor. “Se o tumor atingir camadas mais profundas na musculatura da bexiga, pode ser necessária sua remoção completa, bem como dos linfonodos da área e até parte da uretra, somada a radio e/ou quimioterapia”, resume Marsicano.