Robótica e o Câncer de Próstata

O câncer de próstata é o segundo tumor mais comum no homem. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), divulgados neste ano, foram diagnosticados 61.200 novos casos da doença e, só em 2013, quase 14 mil homens morreram em virtude dela.
Se, por um lado, a glândula prostática é responsável pela produção de cerca de 30% do líquido seminal, de grande importância para a reprodução humana, do outro, pode ser origem de uma neoplasia que comumente atinge o homem, em especial aqueles com idade acima de 65 anos.
Esse tumor, quando ainda localizado na próstata, pode ser tratado de diversas maneiras– braquiterapia, radioterapia externa, HIFU ou, até mesmo, somente sendo observado com monitoramento periódico. Mas o tratamento cirúrgico é o que apresenta melhores índices de cura.
A técnica cirúrgica convencional, por meio de abertura do abdome com incisão abaixo do umbigo, criada na década de 1980 por Patrick Walsh, é considerada padrão ouro no tratamento. Isso porque preserva as estruturas vasculonervosas periprostáticas e o esfíncter externo, permitindo maior índice de continência urinária e menor índice de impotência do que a técnica cirúrgica até então utilizada para o câncer de próstata.
Todavia, visando reduzir o trauma cirúrgico (com incisões menores) e reduzir o tempo de internação, foi inicialmente elaborada a retirada da próstata por laparoscopia. Entretanto, devido à posição do órgão, localizado profundamente na pelve - popularmente chamada de "bacia" -, essa técnica cirúrgica tornou-se extremamente difícil, com tempo cirúrgico em torno de oito horas em centros cirúrgicos de referência. Então, para viabilizá-la, foram feitas modificações para reduzir esse tempo, mas a laparoscopia ainda ficou restrita a alguns centros europeus.
Por volta dos anos 2000, um projeto criado na Nasa para operar soldados militares a distância ou astronautas no espaço, o robô cirúrgico passou a ser adotado em algumas instituições americanas para fazer algumas cirurgias laparoscópicas de maior complexidade, incluindo a cirurgia para próstata.
Esse aparelho sofreu uma série de mudanças e, com o tempo, permitiu que o cirurgião operasse com visão tridimensional, apresentando de três a quatro braços articulados, possibilitando que cirurgias de maior complexidade fossem realizadas com maior facilidade. Isso permitiu que as cirurgias com robô para próstata resultassem em menor tempo de internação, menos sangramento, recuperação pós-operatória mais rápida e com menor índice de complicações cirúrgicas precoces.
Além disso, os índices de continência urinária e impotência, comuns após esses procedimentos, caíram significativamente. Desde então, a maioria das cirurgias nos Estados Unidos são feitas utilizando esse dispositivo. Em 2013, foram 85% delas.
Em relação à cirurgia convencional, o único aspecto que pesa contra essa nova tecnologia é o custo do aparelho, especialmente no Brasil. A expectativa é de que apareçam novos modelos para reduzir os custos e tornar essa tecnologia mais acessível em hospitais brasileiros. Atualmente, só existe um modelo, fabricado nos Estados Unidos.