As novidades da AUA 2016

Fernando Marsicano 16 de Maio de 2016

Entre os dias 06 e 10 de maio de 2016, aconteceu o congresso anual da Sociedade Americana de Urologia, a AUA (American Urological Association), na cidade de San Diego nos Estados Unidos. O evento reuniu diversas autoridades urológicas do mundo, sendo discutidos os mais diversos assuntos pertinentes à especialidade e, dentre os tópicos mais importantes, foi discutida a Cirurgia Robótica.

Criada em 2003, a partir de pesquisas realizadas nos laboratórios da NASA, com a união de duas empresas, a Zeus e a Intuitive, a Cirurgia Robótica é um sistema que permitiu que cirurgias complexas, como a retirada da próstata ou a retirada parcial do rim, fossem realizadas de maneira mais ergonômica e mais eficiente. Devido à incrível facilitação que este sistema imprimiu na execução dessas cirurgias mais complicadas, foi observado um aumento expressivo na utilização deste sistema nos Estados Unidos, sendo que em 2013, 85% das cirurgias para retiradas de tumores de próstata foram feitas através do robô.

O que chama a atenção neste segmento específico de cirurgia, além das vantagens inicialmente propaladas nesta técnica cirúrgica, como menor índice de sangramento, maior precisão na dissecção de estruturas que serão removidas, menor tempo de internação, reconstituição dos órgãos operados com maior  destreza; é que hoje já se observa também um maior índice de cura, menor fração de pacientes que ficam perdendo urina após a cirurgia e com um menor tempo de recuperação da continência urinária (complicação comum naqueles pacientes que operam de tumor de próstata) se comparada à cirurgia “aberta”. Além disso, verificam-se menores taxa de complicação e de reinternação naqueles pacientes operados por robô.

Além disso, tem sido cada vez mais empregada técnicas cirúrgicas com auxílio de agentes fluorescentes, que administrados na veia do paciente durante a cirurgia e com a utilização de iluminação específica, permitem que se identifique estruturas que habitualmente não seriam vistas  pelo olho humano, como estruturas nervosas menores, vasos sanguíneos diminutos, o que resulta em uma cirurgia cada vez mais precisa e com menores chances de reincidência dos tumores e com menos sequelas, comparadas  àquelas realizadas por  intervenções cirúrgicas tradicionais.

Foram ainda apresentadas novas técnicas cirúrgicas para retirada de tumores renais, que permitem que a cirurgia seja realizada de maneira mais rápida, fazendo com que o rim operado fique menos tempo com sua circulação parada (para permitir que se retire o tumor renal, preservando restante do tecido renal sadio),  trazendo uma menor chance de comprometimento da função renal depois da cirurgia (algo que pode habitualmente ocorrer na cirurgia para  tumores renais).

Outro aspecto abordado foram as novas plataformas que estão sendo pesquisadas para reduzirem os custos das cirurgias robóticas. Chama a atenção, por exemplo, a pesquisa iniciada pela Google juntamente com a Johnson & Johnson para criação de um novo robô que opera. Há ainda uma plataforma  italiana, que traz como diferencial a capacidade de ter alguma sensação tátil durante a cirurgia com o robô (algo que não é possível com o robô usado atualmente), tecnologia também presente no projeto japonês, chamado de Emaro (com outro diferencial,  que utiliza conexões pneumáticas, tornando mais “ suaves” os movimentos produzidos pelo robô, além de ter ainda uma outra variação desta  plataforma, que pode permitir que as cirurgias feitas com o robô sejam feitas através de um só orifício, diferentemente do que normalmente realizamos, que são feitas através de  4 a 5 pequenas incisões). Finalizando, há ainda o REVO-l, projeto coreano para Cirurgia Robótica, que objetiva reduzir o custo desta nova tecnologia.

Outra fronteira que começa aberta para a Cirurgia Robótica, são as cirurgias para tumores renais avançados, nas quais há necessidade de intervenção sobre grandes vasos abdominais e que têm sido feitas sem a necessidade de abrir o abdome do paciente, e da cirurgia para remoção completa da bexiga, com a confecção de uma nova bexiga com o intestino, também realizada sem precisar de violar a cavidade abdominal do paciente .

São grandes os avanços e notáveis as promessas vistas neste 111º encontro da Sociedade Americana de Urologia, e que esperamos vermos em um futuro próximo em nosso meio.

 


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